Antônio Cottas - Pai e mestre imortal

Há 19 anos, no dia 12 de junho de 1983, desencarnava o Espírito Superior de Antonio do Nascimento Cottas, o maior discípulo de Luiz de Mattos e seu sucessor notável que, numa gestão presidencial excepcional de 57 anos, estabeleceu a consolidação magistral da doutrina Racionalismo Cristão.

Em todos esses anos, nessa data, tenho a honra de focalizar sua figura imortal no Jornal A Razão, abordando sempre vários aspectos dignificantes de sua prodigiosa personalidade.

Desta vez vou abordar um tema de natureza pessoal, ou seja, enfocar vários aspectos que se destacaram no relacionamento de minha pessoa com esse inesquecível presidente de nossa querida Doutrina.


Antonio Cottas era meu tio, em virtude de sua condição de irmão de minha saudosa mãe, Delphina Cottas, e mantive com ele, desde tenra idade, uma convivência profundamente proveitosa.

Na realidade ele não foi meu tio, tendo sido exatamente um pai e mestre imortal.

Ele pagou os meus estudos desde o Jardim de Infância e o Curso Primário até o último ano da Universidade do Rio de Janeiro, na Faculdade de Direito.

Nos meus aniversários presenteava-se com um enxoval completo de roupas.
Quando ele percebia que meus ternos estavam ficando surrados, encaminhava-se para um alfaiate de sua confiança. Além do vestuário me dava também uma mesada para satisfazer minhas necessidades.

Quando me formei em Direito, em 20 de dezembro de 1956, ele participou o evento aos diretores da Casa-Chefe, tendo a maioria comparecido à solenidade de formatura, ocasião em que fui presenteado com um lindo anel de grau, entregue com muita emoção pela minha tia Maria Cottas, a quem também amo como se fosse a minha própria mãe.

Posteriormente ofereceu-me uma sala de propriedade do Centro Redentor para o exercício de minha advocacia.

Em certa ocasião colocou-me como sócio do Real Gabinete Português de Leitura, cuja vastíssima biblioteca ficou sempre à minha disposição para aumentar consideravelmente o meu grau de cultura.

Ingressei oficialmente na militância do Racionalismo Cristão em 7 de maio de 1952, com 23 anos de idade, tendo recebido de Antonio Cottas, na ocasião, uma linda e comovente carta.

Após vários anos, Antonio Cottas determinou a minha participação como componente das correntes, sendo escolhido sempre para compor a mesa de trabalhos em sessões públicas e particulares, tendo também me nomeado diretor da Casa-Chefe.

Após o transcurso de mais algum tempo, diversos companheiros me confidenciaram que ele desejava que eu ocupasse periodicamente a cabeceira da mesa, presidindo sessões públicas e particulares.

Todavia o tempo transcorria e eu não tinha coragem de assumir esse tipo de iniciativa.

Eis que, em determinada sessão pública, na sala de formação de correntes, para surpresa minha, ele bradou em voz forte e enérgica: "Humberto, preside a sessão".

De imediato, senti calafrios, o suor escorreu-me pelas pernas. Ocupei a cabeceira, timidamente, e consegui presidir a sessão. Após o término dessa sessão, ele me cumprimentou com os olhos marejados de lágrimas.

Após isso, passei a presidir sessões regularmente, uma vez por semana, e com o transcorrer do tempo comecei a exercer esse mister com naturalidade e sem timidez.

Assim sendo, redijo mais um artigo, desta vez escrevendo o que foi Antônio Cottas para mim numa longa convivência, através da qual fica comprovado que na realidade ele não foi meu tio, e sim meu pai.

Meu querido pai e mestre imortal, jamais decepcionarei o teu espírito e tudo farei para que o teu grande ideal perante a nossa doutrina espiritualista seja cada vez mais desenvolvido e fortalecido, objetivando, assim, o benefício da humanidade.

Antônio Cottas - Pai e mestre imortal
Por Humberto Machado Rodrigues